Um fantasma soprando no ouvido
Natal, RN 19 de abr 2024

Um fantasma soprando no ouvido

27 de junho de 2018
Um fantasma soprando no ouvido

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Se há algo que precisamos agradecer aos alemães é aquela surra imposta no nosso próprio terreiro. Foi pedagógico, sobretudo.

Aqueles 7 a 1 ajudaram a quebrar, finalmente, aquele peso gigante com o qual toda seleção canarinho entrava em campo. Desde 1934.

Tava ficando chato isso. Em toda Copa tínhamos os melhores, era penta, hexa, hepta, todo mundo festejava com antecedência, a CBF (e antes dela, a CBD) enchia as burras, as TVs transmissoras do evento também. Era o maior faz de conta.

Parecia um absurdo a gente ainda precisar entrar em campo. Absurdo e desnecessário. Porra, a Copa já era nossa. Só botar a faixa e levantar a taça.

Finalmente o Brasil baixou a bola. E foi bom que ocorresse em cima daquele escrete mediano de Felipão.

O fato, novo, é que desde aquele Mineirão fatídico há um fantasma em todo jogo do Brasil. Não importa o que esteja acontecendo em campo, ele está lá, nos avisando: olha o 7 a 1. Não vai esquecer do Toni Kroos. Olhá lá. Lembra do 7 a 1?

Graças a Ozil, Muller, Khedira e, claro, Kroos, descobrimos: não só não somos imbatíveis, como podemos ser humilhados no jogo da bola, nossa especialidade, a qualquer momento.

Nesta Rússia 2018, Irã, Marrocos, México, Islândia, Nigéria, Croácia, para dizer alguns, estão aí gritando para quem quiser ouvir: esse negócio de camisa, de peso, de tradição, só existe em mesa redonda de televisão.

É só lá que antes de bater na bola o atacante lembra que em 1950, em ocasião semelhante, um outro atacante suou pelo mesmo suvaco e perdeu um pênalti, que em 1954 fulano acordou e viu o chinelo virado, daí perdeu - e em outra o atacante só foi artilheiro porque repetiu a mesma cueca desde o primeiro jogo.

À vera, está tudo tão nivelado - com exceção da Bélgica e da Croácia (oiii??) - que não será surpresa a derrota de um gigante desses para um selecionado dito menor. Tipo assim: Brasil e Sérvia.

O Brasil ainda não jogou para honrar as tão relembradas tradições, não jogou para justificar alguns dos jogadores mais caros do mundo e não sobrou, tanto quanto se esperava de um elenco de luxo, diante das suíças e costas ricas com que se deparou.

De modo que não vou estranhar se hoje Matic, Mitrovic, Tadic e Ivanovic se transformarem em nossos novos fantasmas.

Mas, calma lá, como sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor, ainda acho que vamos tirar, da última hora, outro Phillipe Coutinho da cartola.

E ganharemos no sufoco. E por 2 a 1, como naquelas batalhas dos anos 30, dos anos 50. Ou algo assim, sei lá, épico.

Ah! E Neymar vai chorar de novo.

As mais quentes do dia

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.