Um general Bolsonarista e seu tio Comunista torturado
Natal, RN 26 de abr 2024

Um general Bolsonarista e seu tio Comunista torturado

2 de junho de 2021
Um general Bolsonarista e seu tio Comunista torturado

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Por Roberto Monte e Rômulo Sckaff, da Pós-TV DHnet

No último dia 13 de maio saiu a notícia da morte do general Carlos Roberto de Sousa Peixoto em decorrência de complicações da covid-19.

O general da reserva trabalhava para o governo genocida como assessor de Planejamento e Assuntos Estratégicos do GSI (Gabinete de Segurança Institucional). O cargo passou a ser ocupado nesta terça-feira (1º) por outro general de nome Eduardo Pazuello, às vésperas de ser julgado por violar norma das Forças Armadas. Metido a conhecedor de logística, Pazuello hoje é figurinha carimbada nas baixarias que a CPI da Covid no Senado anda revelando e, no futuro, ainda deverá responder por crimes contra a humanidade, nas barras de um Tribunal Penal Internacional.

Pois bem, o general Peixoto é potiguar e tem ramificações na cidade de São José de Mipibu. O que pouca gente sabe é que ele é sobrinho de um outro Peixoto, de nome Simplício.

Simplício Teixeira Peixoto foi uma das vítimas do campo de concentração que aconteceu na Base aérea de Natal, entre os anos de 1952/1953, torturado de forma bárbara e selvagem por integrantes da Força Aérea Brasileira.

Junto com Simplício Peixoto também foram torturados Luiz Ignácio maranhão Filho e Vulpiano Cavalcanti, todos comunistas.

Neste segundo semestre será lançado o Livro “Campo de Concentração RN – Torturas na Base Aérea de Natal”, que conta essas atrocidades sofridas pelo tio do general contaminado pelo Covid-19.

Eis alguns trechos, com agrafia da época:

LEVADO PARA FUZILAMENTO SIMPLÍCIO TEIXEIRA PEIXOTO – casado, 43 anos, ex-funcionário da Base Aérea de Natal. A 23 de setembro de 1952, levado do seu local de trabalho para o Campo de Concentração, aí foi jogado numa das celas já descritas. Na manhã do dia 30 onde foi estupidamente espancado. Colocado numa camisa de força assim permaneceu até o dia seguinte, sob constantes torturas. Esbofetearam seu rosto até sangrar. Durante a madrugada até o outro dia foi espancado a cassetete. Numa das noites de torturas, aplicaram-lhe uma injeção de conteúdo desconhecido que o fez adormecer. ...

...Foi erguido do chão por outro oficial. Daí por diante, o que sabe da sua vida no Campo de Concentração de Parnamirim, é por informação dos seus companheiros, que falam de sua inteira insanidade mental, muitas vezes chegando a crises furiosas. Conservado 90 dias na cela escura, foi examinado pelo médico civil João Machado especialista em doenças mentais. Não recebeu, todavia, nenhum tratamento. Somente agora, na Casa de Detenção do Recife, vem obtendo melhoras, graças à assistência médica do dr. Vulpiano Cavalcanti.”

Dois Peixotos, um servindo a barbárie, outro barbarizado.

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