União entre campo e cidade, o prato principal do festival Comida de Verdade
Natal, RN 29 de mar 2024

União entre campo e cidade, o prato principal do festival Comida de Verdade

5 de agosto de 2019
União entre campo e cidade, o prato principal do festival Comida de Verdade

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O prato principal servido neste domingo (4) durante o festival Comida de Verdade foi a união inédita num mesmo evento entre dois dos principais movimentos populares do campo e da cidade no Brasil. Realizado na Ocupação 9 de julho, em São Paulo, o MST e o MSTC chamaram a atenção para duas pautas fundamentais hoje das lutas por moradia e reforma agrária no país. Mais de oito mil pessoas circularam pela Ocupação.

O banquetaço recebeu mais de 300 kg de alimentos agroecológicos doados e envolveu mais de 60 colaboradores e chefes de cozinha. Vários artistas também se revezaram no palco do evento. Otto, B.Negão, Chico César prestigiaram o festival. O resultado da comida de verdade para a classe trabalhadora é a busca pela soberania alimentar e a aproximação do agricultor com o trabalhador urbano. É a união campo e cidade derrubando fronteiras e encurtando a distância entre produção e consumo.

Artistas se revezaram no palco do festival Comida de Verdade (foto: Sato DoBrasil)

Anfitrião, o MSTC reivindicou a liberdade dos líderes do movimento - Preta Ferreira, Ednalva Pereira, Angélica dos Santos Lima e Sidney Ferreira da Silva. Os quatro militantes foram perseguidos e presos dia 24 de junho, acusados de extorsão em inquéritos baseados em denúncias anônimas não comprovadas ligadas ao prédio Wilson Paes de Almeida, que desabou no centro de São Paulo, em 1º de maio de 2018.

Já o MST denunciou a perseguição do governo de São Paulo, que proibiu a realização da 4ª edição da Feira da Reforma Agrária em 2019, no parque Água Branca. O parque do Ibirapuera também foi negado ao movimento.

Coordenador do MST, Gilmar Mauro afirmou que o movimento ainda busca uma alternativa, mas deixou claro que a feira pode ser adiada para 2020 caso não haja acordo em relação ao local:

- Estamos no limite e não nos foi permitido realizar a feira nem no parque Água Branca nem no Ibirapuera. Queremos espaços próximos do metrô e nos foi oferecido alguns lugares distantes. Acredito que nos próximos dias isso possa ser definido. Mas no limite, se não conseguirmos, vamos ter que adiar para o próximo ano. No entanto, ainda buscamos uma saída para que realizemos ente 3 e 6 de outubro.

Gilmar Mauro (MST) destaca solidariedade entre os movimentos (foto: Sato doBrasil)

Para o dirigente do MST, a união entre o campo e a cidade é uma forma de aumentar a rede de solidariedade entre os movimentos populares:

- Já fizemos muitas lutas em conjunto com o movimento de luta por moradia, mas aqui, num evento com o MSTC sim, é inédito. E isso conjuga duas coisas: nossa solidariedade na luta junto deles pela soltura dos companheiros presos porque nós sabemos muito bem o que é a criminalização tanto do ponto de vista judicial como pela eliminação física direta por parte dos latifundiários do campo e do espaço urbano, através da especulação imobiliária. E ao mesmo tempo, estamos aqui para divulgar e pressionar o Governo a realizar a feira da reforma agraria. Então é muito simbólico, pobres do campo e da cidade unificados aqui. Bonito porque traz como pano de fundo a alimentação saudável num país com 14 milhões de desempregados e 10 milhões de desalentados em que a fome e a miséria vêm com mais força”, disse.

A luta travada no campo e na cidade é a mesma, explica um dos líderes do MSTC Thiago Ferreira França. Para ele, a presença do MST na ocupação 9 de julho reforça a unidade entre os movimentos populares:

- A luta, na verdade, é a mesma. Só muda do lado rural para o lado central. O MST soma muito porque a luta deles é muito grande no campo, por terras desapropriadas... o Brasil é muito rico, cheio de terras, e o MST soma muito com a gente que também luta contra uma perseguição política. Nós do MSTC não temos nem nunca tivemos nenhuma ligação com o prédio que veio desabar (Wilson Paes de Almeida). Mas o governo quer criminalizar as nossas lideranças com informações falsas de falsas testemunhas. Vamos resistir.

Mais de 8 mil pessoas circularam pela ocupação 9 de julho (foto: Lucas Martins)
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