Violência: 64% dos jovens mortos nos últimos cincos anos estavam sem trabalho fixo
Natal, RN 24 de abr 2024

Violência: 64% dos jovens mortos nos últimos cincos anos estavam sem trabalho fixo

26 de setembro de 2019
Violência: 64% dos jovens mortos nos últimos cincos anos estavam sem trabalho fixo

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O Estado registrou redução de 33% nos números de homicídios notificados entre os anos de 2015 e 2019. As informações foram divulgados na quarta-feira (25) pelo Observatório da Violência do Rio Grande do Norte (OBVIO) e mostram diminuição nos números de vítimas entre o período analisado. Para o pesquisador Francisco Augusto Cruz, embora os índices tenha sido reduzidos, ainda são preocupantes, principalmente em relação aos jovens: nos últimos cinco anos, entre janeiro de 2015 e agosto de 2019, foram registrados 5.121 homicídios de pessoas com idade entre 16 e 29 anos, isto é, três jovens morrem por dia, em média, somente no RN.

Entre as vítimas, os sem trabalho fixo eram 3.260, ou seja, 64% do total entre 2015 e 2019. O restante, 654 (13%) recebia até um salário mínimo e 951 (19%) até dois salários. Já em relação à escolaridade, dos jovens vitimados no Estado, 1.436 (28%) tinham Ensino Fundamental, 671 (13%) possuíam Ensino Médio e apenas 41 (1%) o Superior. Os dados, contudo, mostram que 58% do total, isto é, 2.965, tiveram sua formação ignorada ou não revelada.

Apesar de serem considerados alarmantes, a redução nos números de homicídios no Estado foram significativos e mostram uma projeção observada nacionalmente. Os dados revelam que os números de homicídios eram 967 em 2015, 1.130 em 2016 e, em 2017, aumentaram, com 1.395 mortes de jovens, sendo considerado o anos mais violento. O número caiu para 1.102 em 2018 e 527 até 31 de agosto de 2019. Em comparação com o mesmo período do ano passado, conforme dados do estudo, há uma redução de 33,2%.

De acordo com o pesquisador da área da Segurança Pública, violência e sistema prisional Francisco Augusto Cruz, o fator principal responsável por esses números de jovens vitimados é a ausência de políticas públicas voltadas para a população jovem. "Sem um cenário favorável para o jovem entrar no mercado de trabalho, a única alternativa que ele vai ter será ingressar no mundo do crime. O Estado não pode fazer vista grossa dessa responsabilidade, ele também é corresponsável pelos números de mortalidade da juventude, desemprego", completa.

Segundo Francisco Augusto, é positiva a criação de um secretaria destinada a políticas para a juventude, como foi anunciada pela governadora Fátima Bezerra em fevereiro, com a Subsecretaria da Juventude (SEJUV).

No RN, houve 33,9% de redução nas vítimas masculinas e 14,3% de redução nas vítimas femininas, um total de 33,2% de redução. Segundo o Observatório, 95% das vítimas são do sexo masculino. Entre esses jovens, fatores como a falta de atividade remunerada e a baixa escolaridade correspondem às principais características que influenciam a entrada para o mundo do crime, conforme explica o pesquisador.

De acordo com a equipe do Observatório, a busca pela redução da maioridade penal e a liberação do posse de armas para o cidadão, medidas que entraram na pauta do governo de Jair Bolsonaro (PSL), é uma vontade equivocada no Brasil e não representam soluções para os problemas na área da segurança pública. "[O país] deveria procurar investir nas polícias e nos policiais, criando melhores formas de trabalho para aqueles cuja função é proteger e servir", finaliza o estudo.

O Relatório do Observatório da Violência (OBVIO) é um estudo realizado desde 2012 a partir da iniciativa de pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Os dados são obtidos a partir do cruzamento de informações divulgadas por fontes governamentais e não-governamentais, como o Datasus, Sirc, Ciosp, Itep, Dhpp, Coine, MPRN, entre outras.

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