Taxa de violência letal contra indígenas é maior que a da população geral no Rio Grande do Norte
Enquanto a taxa de homicídios no Brasil diminuiu nos últimos 11 anos, a média de mortes violentas de indígenas a cada 100 mil habitantes no país recrudesceu. Em cinco estados do país, a situação é mais grave já que a taxa de homicídios de indígenas supera a do estado. O Rio Grande do Norte se destaca negativamente nesse índice, com taxa de assassinatos de indígenas em 68,8/100 mil e geral de 38,4/100mil.
O mesmo ocorre com os estados de Santa Catarina (24,3; 10,3), Mato Grosso do Sul (44,8; 17,7), Roraima (57,0; 38,6) e Rio Grande do Sul (20,0; 19,2), segundo informações do Atlas da Violência de 2021.
É a primeira vez que o atlas apresenta dados sobre violência letal contra indígenas. O relatório foi elaborado a partir de parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Instituto de Econômica Aplicada (Ipea) e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). O relatório tem como base os números apresentados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.
Aumento da mortalidade indígena
Em 2009, eram registrados 27,2 homicídios a cada 100 mil habitantes no Brasil. Entre indígenas, essa taxa era de 15/100 mil no mesmo ano. Já em 2019, a taxa geral era de 21,7/100 e de 18,3/100 mil entre povos originários.
Em números absolutos, foram registrados 2.074 homicídios de pessoas indígenas no país nos últimos 11 anos.
De acordo com o Atlas, somente em 2019, foram registradas 277 mortes violentas de indígenas, o dobro de 2018.
O levantamento divide a estatística entre municípios com e sem terras indígenas e verifica que a taxa é maior onde há área indígena, com 20,4 por 100 mil habitantes, do que em cidades sem terras indígenas, com 7,7.
O Atlas indica ainda que o número de assassinatos em 2019 pode ser ainda maior porque, pois houve 35% de aumento de mortes violentas por causa indeterminada naquele ano.