Vítima de racismo, fotógrafo negro de Natal tem imagem divulgada em grupos de whats app como bandido
Natal, RN 20 de abr 2024

Vítima de racismo, fotógrafo negro de Natal tem imagem divulgada em grupos de whats app como bandido

9 de dezembro de 2020
Vítima de racismo, fotógrafo negro de Natal tem imagem divulgada em grupos de whats app como bandido

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Um fotógrafo negro de Natal passou por uma situação de racismo na terça-feira (8) ao descobrir que sua imagem, captada por câmeras de segurança no bairro de Petrópolis, área de classe média alta da capital, estaria circulando em grupos de whatsApp nos quais ele era apontado como suspeito de tentar assaltos na região.

A vítima de racismo fez um vídeo no instagram relatando a situação. Diogo Mãozinha, como se identifica, além de fotógrafo, também é cinegrafista, editor de vídeos publicitários e bailarino. Em desabafo, explicou foi trocar dinheiro numa casa de câmbio em razão de um trabalho realizado na Suíça e, ao chegar em casa, foi avisado que a imagem dele já estava sendo divulgada como suspeito:

- Estava na (rua) Afonso Pena, para resolver questões de câmbio porque tinha feito um trabalho recente na Suíça e precisava receber o dinheiro.  Era por volta do meio-dia e com o sol forte, não conseguia enxergar o endereço do local no celular e fui numa clínica pedir informação. Eles foram educados e me ajudaram com a localização. Passei um pouco do local que eles me indicaram e parei numa ótica. Ao chegar lá já notei o clima meio fechado. Pedi informação também, eles me passaram a informação e falaram comigo tranquilos. Quando chegou à noite, uma amiga minha mandou mensagem dizendo que tinham colocado minha foto no grupo de policiais e joalheiros da Afonso Pena dizendo que eu tava fingindo que pedia informação e tava rondando, observando o local para cometer assaltos. Quando vi essa mensagem, bateu um desespero, fiquei triste pra caralho. Fora que minha filha sentiu o baque, ela dormiu com medo de eu sofrer alguma represália, ela tá com medo. É foda porque você não pode ir para certos lugares porque é preto, num local que é a zona sul da zona leste. Não posso correr, andar, os caras batem foto, denigrem. Já aconteceu uma coisa parecida há algum tempo, não é a primeira vez que me acontece isso”, contou indignado.

"Papai, por que tá acontecendo isso ? É por que a gente é preto?", questionou filha do fotógrafo

Ainda durante o vídeo, ele conta que vai fazer um boletim de ocorrência para evitar que situações como essa se repitam:

“Minha filha perguntou: Papai, por que tá acontecendo isso? É por que a gente é preto? Ela é uma criança, não era pra ela ter esse tipo de questionamento. Vou fazer de tudo pra que isso não se repita mais, não só comigo, mas com outros manos pretos, irmãos de sangue e de cor que estão sofrendo com isso. Isso não vai passar, eu tô com olheira, sem dormir pensando numa forma de conseguir dinheiro para conseguir uma casa. Quando cheguei no câmbio, a mulher já tava com cara de assustada, já devia ter recebido a informação desses grupos. Agradeço a quem segue com a gente nessa guerra, tem negro que ainda nega, estão apagando nossa história aos poucos ”, lamenta Mãozinha.

O caso trouxe repercussão nas redes sociais ainda hoje com manifestações de apoio ao fotógrafo e contra o racismo.

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