Vou me embora pro twitter…
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Vou me embora pro twitter...

11 de março de 2019
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(Não. Esse texto não é para anunciar que vou sair do facebook – ainda que a vontade seja grande)

Não sei se notaram a ausência do artigo da semana passada. Andava meio ocupado com o carnaval, o mesmo carnaval odiado pelo odioso presidente – agora ilegítimo no país do twitter desde que o autoproclamado presidente da França, Frédéric Pagès, ter reconhecido legítimo o autoproclamado presidente do Brasil, José de Abreu. A piada mirou em Juan Guaidó, autoproclamado presidente venezuelano, e atingiu em cheio o presidente tuiteiro brasileiro. Aliás, vocês viram a recepção de Zé de Abreu no aeroporto do Rio de Janeiro? Teve discurso inflamado e tudo.

No país do twitter, não demorou para os robôs de bolsonaro (de bits ou de carne e osso) destilarem todo seu limitado conteúdo raivoso contra nosso presidente legítimo Zé de Abreu. Como bons robôs, agiram dentro do script a que foram programados. As manifestações de apoio também foram muitas. Zé de Abreu começou a formar ministério, muita gente se ofereceu para trabalhar no novo governo e muitos militantes saíram da rede para recebê-lo no aeroporto. Como bem notou Leandro Fortes, com uma piada, Zé de Abreu pode ter mobilizado mais gente que as esquerdas brasileiras nesses tempos tão pesados para a militância progressista.

Em outros tempos, talvez a piada não tivesse rendido. O problema é que, agora, o presidente tuiteiro – ou o fera das redes sociais – não consegue se conter e trata o tema como um grave ataque presidencial. A piada ganhou status de problema institucional e obrigou Bolsonaro a escalar o também ator Alexandre Frota para resolver o problema com Zé de Abreu. A solução encontrada também bastante previsível: verborragia via twitter. E todo bom gerente de crise sabe: quanto mais falamos do assunto, mais tempo ele fica no ar. As ameaças de Bolsonaro e seus seguidores fizeram a piada crescer e ganhar adeptos.

Claro que a população tuiteira não é páreo para o planeta facebook/whatsapp/instagram. Zuckerberg e suas redes conseguem arregimentar bilhões, enquanto o twitter não tem saído da casa dos 320 milhões de usuários. No Brasil, o twitter anda meio escanteado há algum tempo. Claro que ainda tem muito jornalista por lá, ainda mais agora, que os pronunciamentos oficiais (e extra-oficiais) do presidente são lançados antes por lá – até mesmo quando o presidente tem dúvidas sobre práticas sexuais. Mas talvez seja o twitter, o melhor observatório da cena política atual, no Brasil e no mundo.

Ao contrário do reino de Zuckerberg, é mais fácil furar a bolha do algorítmo no twitter e ter acesso aos diversos pontos de vista em pauta no cenário político, social, cultural. Até quem não está inscrito na rede pode observar o que se passa lá dentro. Assim, você não precisa seguir o Jair ou o Zé de Abreu para acompanhar as peripécias e arengas deles por lá.

Talvez por essa abertura, seja mais fácil mobilizar corações e mentes tuiteiras que lotar as ruas para defender a previdência. E mesmo com todo o séquito que vai atrás de Bolsonaro, no país do twitter, estamos mais perto de retomar o poder.

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