Zona de conforto é uma postura que devemos refletir no contexto de qualquer governo
Natal, RN 29 de mar 2024

Zona de conforto é uma postura que devemos refletir no contexto de qualquer governo

7 de outubro de 2019
Zona de conforto é uma postura que devemos refletir no contexto de qualquer governo

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Observo que pessoas parecem não questionar o que estão executando. Diante do que existe para fazer em um Governo do Estado ou numa Prefeitura, muitas vezes penso que pessoas parecem ter receio de dar um passo diferente ou não se sentem comprometidas com o que precisam fazer. Será que não percebem que estamos diante de um momento em que é preciso fazer mais do que sempre fizeram? Ou estão raciocinando com os mesmos parâmetros de antes e não percebem que as querelas históricas e pessoais estão abaixo de qualquer questão de um governo ou do que é necessário fazer para melhorar as condições gerais da vida do cidadão, da educação, da saúde, da assistência, da qualidade de vida?

A meu ver, o que está posto também pode ter a ver com quem sempre esteve na zona de conforto, uma condição em que o profissional, servidor público, prefere se preservar, mantendo-se dentro de um nível tolerável, ou preservar sua performance em um padrão estável – mas não ótimo.

Quem tem entusiasmo e trabalha comprometido com o serviço público, tem vantagens. Quem tem habilidades e inteligência para aproveitar as oportunidades, ver surgir as condições para trabalhar mais do que sempre trabalhou. Quem sempre teve disposição para realizar, ou contribuir para fazer surgir o terreno fértil, sente-se estimulado diante de oportunidades de realizar sonhos. Ou ainda, o que é muito preocupante, o entusiasmo por realizar algo para o bem comum pode ser barrado diante do surgimento de um tipo de situação que faz com que se vejam diante da condição e necessidade de sair de sua zona de conforto.

A comodidade é bastante comum e, para alguns, quase inevitável no serviço público. Para sair desse ambiente, aparentemente agradável, nem sempre vale a pena qualquer "sacrifício". É preciso, talvez, recuperar objetivos, sonhos que ficaram guardados e classificados como irrealizáveis. É preciso considerar também que o serviço público nunca foi inspirador, que o desalento de ser servidor público resultou em pouca dedicação e foi revestido de uma tendência em se manter sentado sem questionar, tendo o trabalho como um ambiente burocrático, onde aprendeu a fazer o mínimo, dando-se por satisfeito com muito pouco.

Para mudar esse cenário, em que o servidor público não se sente parte de algo maior, talvez seja preciso criar o compromisso ou as condições para sair da sua zona de conforto.

É preciso que também não sejamos rigorosos ou insensíveis, incapazes de não percebermos que a falta de compromisso foi, ou ainda é, uma condição para sobreviver no serviço público. É preciso que avaliemos com sensibilidade, que sejamos capazes de perceber como as pessoas se posicionam frente ao trabalho. Que as mesmas se encontram como se estivessem em um estado de conforto relativo, mantendo seu nível de dedicação e eficiência constantes. Acomodados, muitas vezes em um nível baixo até para se indignarem com sua própria capacidade de fazer mais. Um ambiente de trabalho onde para mudar de patamar, talvez seja necessário um algo mais do que apenas eleger um governo popular. E, mesmo com ele, parece que ainda correm o risco de se verem em meio à mediocridade em que sempre estiveram sem se incomodar.

Agora começa a ficar evidente que não basta ter apenas o discurso. É importante observar que não se pode mais ficar nesta zona, uma vez que sempre foi "normal" manter a tendência natural de ansiedade neutra. A ideia de manter a postura em conformidade com o que sempre fez, pode parecer uma coisa boa momentaneamente, porém começa a se evidenciar uma certa falta de compromisso com seus próprios sonhos. Deixar do jeito que sempre foi, pode significar não correr riscos, não ter ansiedade de fazer, e, principalmente, pode significar não querer se comprometer com os resultados positivos ou negativos que um governo exige. Contraditoriamente, sem riscos, pode não existir ganhos maiores.

Sair da zona de conforto pode significar mostrar-se ou realizar o que sempre pensou ser capaz de fazer. E, mesmo, entender estar diante da oportunidade de escapar do cenário de desolação por não ser respeitado naquilo que sabe fazer.

Manter o estado confortável, relaxar de suas responsabilidades, deveriam incomodar aos inteligentes. É como deixar passar e perder a chance de ser mais inspiradores, criativos e produtivos. Afinal, a inação é desconfortável.

Sem pretensões de nada, penso que bastaria não ter maiores ambições pessoais ou tê-las em outro sentido: a de querer realizar sonhos ou querer ajudar a melhorar a vida de pessoas. Por outro lado, deveria ser bom pensar sobre o que é intimidador ou estimulante nesse momento, e onde gostariam de estar. Mudar, assumir a sua parte pode ser um guia para seu próximo passo. Ou será que existe um quê de incapacidade de fazer diferente? É bom que se observe porque a falta de dedicação não é bom para o governo que precisamos realizar.

Sair da zona de conforto é dar a si mesmo a oportunidade de crescer, aprender e fazer o que sabe e que nunca lhe foi dado oportunidade. Podemos pensar até que existem pessoas com dificuldades e que preferem evitar qualquer chance de exposição. Mas a questão é que as tarefas do serviço público sempre são necessárias onde elas se encontram.

Por fim, é fato que à medida que crescemos e aprendemos em nossos trabalhos e em nossas carreiras, somos constantemente confrontados com situações em que precisamos adaptar nosso comportamento. Sem a habilidade necessária para dar o salto e sair da zona de conforto, é certo que haverá exposição ou oportunidades perdidas que seriam importantes para o avanço de qualquer cidade e, particularmente, do Estado do Rio Grande do Norte.

Quem está na gestão, vê o quanto a estrutura do Governo do Estado foi perversa com os servidores ao longo dos anos. Em meio a tudo que ocorre, o que mais se ouve falar são as pessoas adoecidas, desestimuladas e aposentando, mesmo com tanta energia para trabalhar.

É claro que toda crítica cabe à estrutura do Estado, a sua rigidez, o peso, as injustiças acumuladas, e, sob muitos aspectos, a dificuldade que ela impõe ao seu servidor. Falta muito para oferecer o melhor ao servidor. Falta muito até porque é difícil começar.

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